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Questão da Técnica

Para Heidegger, a essência da tecnologia deve ser emitida por reflexão e questionamento, de acordo com os principios da Hermeneutica e Ontologia, tal como McLuhan também refere.

O autor refere que a Essencia da Tecnologia deve mostrar-se num campo em que ocultamento e desocultamento da Aletheia (verdade) emergem inseridas no campo da arte. E quanto mais se questiona a essencia da tecnologia (ontologia), mais misteriosa a arte se torna. Por outro lado, o Ge-Stell enquanto processo ordenador na essencia da tecnologia, que permite a produção/criação pelo homem, leva a que o homem pense que tudo foi construido por si, e como tal tem tudo sobre controlo, criando um sistema que se auto-regula, mas que afasta o próprio homem da sua essência enquanto ser.

O autor torna a sua interpretação mais interessante, ao considerar que não é o acto da criação que conta mas sim o modo do conhecimento (perceber e compreender o que está presente como tal). como tal, a Arte pode apresentar uma saída para este sistema regulador e potencialmente perigoso para o enclausurar o homem numa perda de autonomia, e pode fomentar mesmo o surgimento de uma nova techné poética. Este pensamento de preocupação, está igualmente presente na Escola de Frankfurt em termos de estudos sobre a cultura/industria das massas, além de atingir uma dimensão mais inovadora nas obras de McLuhan.

Neste sentido, Heidegger consider que a técnica é diferente da essência da técnica (visto como "aquilo que ela é"), e que questionar o que a técnica é, leva a 2 repostas base possíveis, reciproquas e tendo a técnica como o que utiliza instrumentos e sendo ela própria um instrumento: Técnica como meio para um fim; Técnica como actividade do homem.

A técnica moderna como meio para um fim é vista como meio e instrumento, considerando que é fundamental manusar com esperito a técnica. Mas se a técnica não for um meio com este espirito, mas somente como actividade do homem, como dominá-la? Como tal, ver a técnica como instrumento não conduz à sua essência, pelo que é fundamental questionar o que é instrumental e os meios e fins associados, levando o autor à filosofia das causas enquanto meio para atingir um fim, sendo que existem 4 tipos de causa: Materialis (matéria em si), Formalis (forma em que se insere o material), Finalis (fim a atingir) e Efficiens (como se atinge o fim). Para Platão, a unidade das 4 causas fundamenta o deixar-viger, que se resume à Produção, que pode ser aplicada a confecção artesanal, mas igualmente ao que leva ao aparecimento de uma imagem, isto é desocultamento da verdade, isto é a essencia da tecnologia. Heidegger refere que "os modos de deixar-viger, as 4 causas, jogam no âmito da produção, e daí advem tanto o que cresce na natureza como o que é confeccionado pelo artesão na criação da arte".

Este questionamento da técnica, isto é, da sua essência, leva-nos à revelação pois a criação ou este desocultamento da verdade via uma processo (Ge-Stell), é para Heidegger a essência da técnica, pois a técnica não é um simples meio ou saber fazer, mas sim uma forma de desocultamento que leva à verdade (Aletheia).

Apesar desta interpretação se basear em fisolofia de raiz grega, Heidegger refere que não se aplica somente a técnica artesanal mas igualmente a técnica moderna apesar do progresso, pois "a essência é a técnica moderna para poder chegar a utilizar as ciências exactas das natureza, como a física...".

No entanto, a técnica moderna explora com maior eficiência, ordenada e sistematica (Ge-Stell) a natureza via Selecção, Captura, Transformação, Armazenamento, Distribuição e retro-alimentação deste processo, num modelo de desocultamento explorador do que é disponível (Bestand).

Colocando o homem neste questionamento, Heidegger refere que quem realiza a produção ou exploração é o homem, mas de uma forma em que responde ao apelo que lhe chega da natureza e o atinge como um desafio, sendo o homem uma parte do disponível (Bestand), mas ao aplicar a técnica, participa no desocultamento da verdade. O autor refere que quando o homem corre atrás da natureza como sector da sua representação, ele já se encontra comprometido com a forma de desocultamento e está na realidade a responder ao desafio da natureza, tornando-se igualmente no objecto da pesquisa. Para o efeito o homem utiliza a essencia da técnica, o Ge-Stell (composição, processo de ordenamento) para descobrir o real, a verdade. A técnica moderna precisa de utilizar ciências exactas mas a técnica não se reduz à sua utilização, pois insere igualmente o homem nesta composição, colocando-o no caminho do desocultamento, visto pelo autor como Destino.

Heidegger refere que é o Destino que determina a essência da acção humana, sendo igualmente visto como produção. O homem só se torna livre fazendo-se ouvinte e não escravo deste destino, sendo que o desocultamento da verdade leva-o igualmente à sua liberdade. Por isso o destino é o próprio perigo para o homem, pois o homem ao empenhar-se na ess~encia do desocultamento com a finalidade de assumir como sua própria essência, fica exposto a um perigo que vem deste destino.

No entanto o destino imprea segundo a composição (Ge-Stell) levando ao desocultamento, mas esta composição não coloca somente em perigo o homem e sua relação relação consigo e com o meio. Composição provocadora da exploração, não encobre somente o modo anterior de desocultamento, mas o príoprio desocultamento, depondo assim a refência da verdade. Por isso, a ameaça não vem da técnica ou das máquinas, nas sim da própria essência da técnica.

Para o autor, referindo-se ao poeta Hoderlin, onde mora o perigo, cresce o que salva! A força salvadora está assim na própria essência da técnica. Esta força está num pensamento derivado de Socrates, Platão e mesmo Goethe, que se resume na expressão "Somente dura o que foi concedido", sendo que a essência de algo está no sentido da sua duração. Considerando a essência da técnica como Composição, o autor refere que no entanto não é no sentido de concessão ou duração, visto que a composição está ligada a um destino que leva à exploração, desocultamento, e este não é concessão. É a concessão que acarreta que o homem tenha parte no desocultamento, mas é o que o salva pois leva o homem a entrar na dignidade da essência, isto é, proteger e guardar o desocultamento, levando que a vigência da técnica guarda em si uma possível emergência ou saída do que a salva. Enquanto representarmos a técnica como instrumento, ficaremos presos à vontade de a dominar, e assim todo o empenho fica fora da essência da técnica.

A questão da técnica é assim a questão ou composição ou essência da técnica, em que acontece o desocultamento da verdade. Olhar para a verdade propicia ver o perigo e perceber o crescimento em igual medida do que o salva, e ao homem.

Para o autor, antigamente as artes não provinham do artistico. As obras de arte não provocavam prazer estético. A arte não era sector de uma actividade cultural. Mas desde sempre, o que atravessa toda a arte do belo era a poesia.

O autor culmina com uma referencia de que questionando, damos testemunho de que com toda a técnica ainda não sabermos a vigência da técnica, e com tanta estética jáo não preservarmos a vigência da arte. Todavia, quanto mais pensarmos a questão da essência da técnica, mais misteriosa se torna a essência da arte.

Para mim, esta afirmação vista no contexto da poesia ser a verdade ou desocultamento de uma verdade que exista na natureza e que o homem através da técnica, habilidade, processo e provocação da própria natureza, mostra ao mundo na sua forma mais pura, mesmo utilizando tecnologia moderna, reside a raiz metafisica da minha crença e paixão pela arte, e que apesar da cultura de massas, continua a ser profundamente bela e a raiz da essência da tecnologia e da própria vida.

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