Processos Comunicação Digital, Artes Híbridas


Santaella, Lúcia, Culturas e Artes do Pós-Humano, São Paulo, 2003
Artes Hibridas
A autora refere uma obra que representa como ícone representativa da hibidrização das artes na era digital. Refere-se a uma instalação digital, apresenta na Arte Cidade 2002, sendo uma obrda de Beiguelman “Leste o Leste?”, que utiliza um painel electrónico publico para apresentar imagens accionadas pelo utilizador no computador e captadas em webcams, levando o conceito de que a arte criada para dispositivos de comunicação remota se faz a partir de integração estética, tecnológica, cultural e publicidade, criando uma nova valorização da arte e interacção entre publico e obra de arte, neste caso digital.

Para a autora, existem 2 conceitos chave:
  • Hibridização: Mistura de linguagens e meios que permitem interconectar sistemas de signos para criar uma sintaxe nova. Este processo iniciou-se nas vanguardads do século XX e forma evoluindo até colocar em causa o próprio conceito de artes plásticas. Nos anos 50 e 60, com o Dadaismo e arte Conceptual, associada à explosão dos meios de comunicação e da cultura de massas, e evolução tecnológica, os processos artísticos começaram a apresentar misturas de meios e efeito numa lógica de hibidrização das artes, tendo com expoente as obras de Duchamp;
  • Instalação: A autora refere-se a Dominguez para referir que uma instalação é a ocupação de um lugar pelo artista como um material incorporado ao conceito, transformado em arte do espaço tridimensional. Na instalação, o receptor entra e explora o espaço através de deslocamento entre os dispositivos, imagens e objectos.
Dentro deste conceito de hibridização, a autora analisa três campos, dos mais significativos:
  • Misturas no âmbito interno das imagens, incluindo fotografia, cinema, vídeo e infografia: Segundo a autora, referenciando vários outros autores, a pintura serviu-se da fotografia como ponto de referencia e comparação e mais tarde a própria infografia influenciou e foi influenciado pela fotografia, sendo que que “as simulações computacionais (infografia) da fotografia constroem visões do mundo físico centradas no olho do espectador a partir de uma posição dada, e assim o fazem através da organização da informação sobre objectos, espaços […]”. Estes aspectos implicam formas muito subtis de hibidrização das infografias com as imagens fotográficas. No entanto, o salto para uma nova cultura visual, atinge-se com a Realidade Virtual, enquanto um novo estágio, mais perto do cinema, mas em que passamos a habitar um mundo construído sensorialmente, diria eu, como entrando dentro do filme ou nos integrassem dentro de uma fotografia e carregássemos num botão para a colocar em movimento;
  • Paisagens de instalações que colocam em justaposição obectos e imagens tridimensionais: Neste caso a hibidrização está associada à intervenção do artista no ambiente, na linha de Duchamp, em que os objectos industrialmente produzidos, tal como qualquer imagem, tem uma forma de representação, mesmo que associada à sua funcionalidade. Neste caso a hibidrização resulta da ocupação do espaço, da instalação, por uma diversidade de objectos e dispositivos, dependente da imaginação do artista, utilizando-se meios artesanais, meios tecnológicos, fotoinstalações, videoinstalação e mesmo ciber-instalação;
  • Misturas de meios tecnológicos no domínio da informática e teleinformática: Neste caso, o enfoque da hibidrização está nos meios digitais em formas de multimédia interactiva com participação activa dos utilizadores. Esta hibidrização envolve acesso não lnear ao conteúdo e permitindo mesmo, via interacção, uma mutação do conteúdo.

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