Processos Comunicação Digital, fenômenos socioculturais no advento dos media digitais


Reflexão sobre a obra de Arte e Midia de Arlindo Machado, Priscila Arantes e ...Lucia Santaella

Lucia Santaella, em “Culturas e Artes do Pós Humano” (S.P.Paulos, 2003), aborda o tema da hibidrização, referindo-se à tendência de composição de linguagens e meios que interconectam signos para forma uma sintaxe integrada, criando processos de intersmiose em artes plásticas. Santaella, aborda os processos ligados a misturas de imagens na passagem das imagens “artesanais” para a fotografia, cinema e vídeo, para complementar a sua análise com o papel fundamental das instalações e ambientes, cada vez mais virtuais e com interacção remota e intervenção do autor e observador em torna da arte digital, graças à mistura de meios tecnológicos que permitem esta convergência, e fundamentam a própria hibridização.

A mesma autora, Santaella, refere no capítulo sobre “panorama da arte tecnológica”, que após o renascimento a arte visual, apesar de desprendida da visão religiosa, mantem um aspecto material que depende de suportes, dispositivos e recursos. Este aspecto marca os períodos da história da arte, pois cada período está associado aos meios utilizados, sendo que no entanto um dos desafios do artista é dar corpo novo e manter acesa os meios e linguagens do passado, razão pela qual existe ainda hoje uma continuidade na criação de escultura, pintura, cerâmica, entre outros. No entanto, na era pós-moderna as artes cada vez mais confraternizam, face à hibridização, dimensionada com o nascimento das artes tecnológicas, associada a uma visão cultural de ruptura, conceptual, associada ao nascimento das vanguardas aristicas, que levam a uma nova forma de ver, criar e “utilizar” a arte, diria eu.

Santaella, descreve no capítulo sobre as emergências tecnológicas electrónicas, toda uma evolução fantástica de criação de arte digital, de forma progressiva, exploratória, e consumida em conceitos de videoinstalação, videoperformance, videoescultura, onde a máquina simiótica sobre a forma de vídeo ou imagem de síntese, assume um papel crítico na criação artística, com ou sem virtualização e interacção. Santaella, termina com as tendências da CiberArte, onde entre outras explorações de territórios de sensoraliedade e sensibilidade, com exposição em sites Web para acesso e fruição com interacção, mas apontando caminhos de virtualização com a hibridização com software de vida artificial, que permitem caminhar para uma arte genética onde “longe de se apropriar dos dispositivos tecnológicos como simples meios ou mesmo como prolongamentos sensoriais, os artistas levam às ultimas consequências as próteses corpóreas e mentais expansivas, capazes até mesmo de transmutar nosso sistema nervoso, sensório e cognitivo”.

Priscila Arantes, em Arte e Midia, refere alguns trabalhos de artistas de hibridização de arte e midia, com base tecnológica, como é o caso histórico de autores como Harold Cohn com algoritmos aplicados a ploter/robot para pintar, ainda nos anos 60, ou ainda as obras de Palatnik. Arantes refere Edmond Couchot para focar as artes tecnológicas numa vertente ligada a máquinas semióticas em vídeo, animação ou mesmo computer arte, mas também as ligadas à cibernética, ambas assentes em linguagem de mediação assente na interactividade e participação do espectador.

Arlindo Machado, em obras de Arte e Midia, incluindo em “Máquina e Imaginário”, contextualiza a arte electrónica ou digital inserida na formação da identidade da arte contemporânea. Arlindo Machado foca o seu trabalho na relação entre evolução tecnológica e seu impacto na evolução cultural, numa integração entre desenvolvimento humano, social, tecnológico e cultural. Para este autor, o artista deve dominar de forma plena os meios ao seu dispor, para poder criar através do meio, mas redefinindo a nossa noção, enquanto espectador, na forma como entendemos e lidamos com este meio, tecnológico. Para tal, o artista deve ir para além dos limites do meio tecnológico, provocando e explorando novas forma de expressão e utilização do meio ao seu dispor, criando um diálogo produtivo entre o lado da imaginação do artista, com o lado produtivo de engenharia e técnica do meio.

Como tal, estes dois autores, Priscila Arantes e Arlindo Machado, detalham casos e conceptualização a relação entre tecnologia e arte contemporânea em termos de impacto de evolução e hibridização não só dos meios na criação de arte, mas na própria fusão entre desenvolvimento humano, social, tecnológico e …cultural, marcando assim uma nova forma de arte, e não o fim da arte.

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