Processos Comunicação Digital, O corpo biocibernético e o advento do pós-humano

Reflexão sobre o Corpo Cibernético e o Advento do Pós-Humano de Lucia Santaella, e algumas obras referenciadas pela autora, na correlação com o conceito de Arte e Midia de Priscila Arantes e Arlindo Machado

Santaella considera em “Corpo Cibernético e o Advento do Pós-Humano”, que o corpo biocibernético é algo que emerge de um novo estatuto do corpo humano na arte, fruto da utilização da tecnologia para imersão e extensão deste corpo, e incluindo a utilização de algoritmos de simulação e replicação, como parte de um processo de decifração do genoma humano. No capítulo sobre refracções, refere a ambiguidade dada ao tema do corpo na arte, que ultrapassa a simples deformação ou distorção da sua aparência física, desde a arte artesanal de Francis Bacon e Lucien Freud, até aspectos de tendências de arte tecnológica mais narcisista, onde se explora igualmente a memória do corpo via um obsessivo registo de detalhes do corpo em obras de vídeo, cinema e imagem de síntese.

 Algumas das obras que apresenta para ilustrar os conceitos, vão desde um esquadrinhar obsessivo do corpo na relação entre imagem médica e arte (TRANS-E, In-Fluxos) até uma forma de explorar a concepção da alma como software, como é a minha interpretação da obra “Ceci est mon corps ... ceci est mon logiciel: Omniprésence”, próximo do conceito referido por Priscila Arantes na vertente de máquinas semióticas relacionadas com a utilização do vídeo, animação e computer arte.

No entanto, as referências de Santaella sobre obras por extensão do corpo sobre a forma de próteses para interacção e essencialmente a imersão sobre formas de avatares (Laurie Anderson “Puppet Motel” ou Victoria Vesna Bodies “INCorporated”), são o que mais me apaixona na relação de utilização de tecnologia para uma maior interacção que caminha para algo mais natural entre o meio e o corpo. Neste caso, é um conceito próximo do que Priscila Arantes refere como a perspectiva cibernética da arte tecnológica

Qualquer uma das formas, está alinhada com o pensamento de Arlindo Machado no impacto integrado entre desenvolvimento humano, social, tecnológico e cultural. Por outro lado, é um exemplo claro do que Arlindo Machado refere na forma como o artista deve dominar de forma plena os meios ao seu dispor, para poder criar através do meio, mas redefinindo a nossa noção, enquanto espectador, na forma como entendemos e lidamos com este meio, tecnológico, levando para além dos limites do meio tecnológico, provocando e explorando novas forma de expressão e utilização do meio ao seu dispor, criando um diálogo produtivo entre o lado da imaginação do artista, com o lado produtivo de engenharia e técnica do meio.

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